segunda-feira, 26 de julho de 2010

CINCO MITOS SOBRE AUTOMÓVEIS ANTIGOS BRASILEIROS

Graças à dinâmica da internet e à colaboração dos leitores, tem sido possível desfazer alguns enganos que costumam induzir ao erro quem tende a se fiar nos registros "oficiais" sobre a indústria automotiva nacional - confesso ter incorrido em todos eles. Eis alguns que já foram discutidos por aqui:

1 - O Fusca nacional começou a ser produzido em 1959.

Os folhetos de propaganda da época exaltavam as vantagens do então novo Volkswagen 1959 brasileiro em relação do alemão, especialmente o novo volante tipo cálice, mas o testemunho de quem viveu a época aponta que, até 1960, o Fusca era apenas montado por aqui e que a fabricação, de fato, se deu a partir daquele ano, com chassis ainda importados (fonte: Zullino, Dario Faria e AGB, em comentários no blog).

2 - A Willys cogitou produzir o Interlagos II com mecânica do Renault R8.

Apesar de ter até sido apresentado no salão do automóvel, nunca se cogitou a produção em série do equivalente ao Alpine A-110 francês por aqui. A Willys apenas colocou uma mecânica R8 em um Interlagos "tunado" para uso pessoal do seu presidente (fonte: Zullino, em comentário no blog).

3 - O Ibap Democrata tinha tudo para superar seus concorrentes, por isso as montadoras já instaladas por aqui boicotaram o empreendimento.

O Democrata era inviável como produto industrial de larga escala. Carroceria de fibra de vidro e mecânica complexa da escola italiana estavam mais adequados e grandes - e caríssimos - esportivos (fonte: Zullino e M, comentando no blog).

4 - O Dodge Dart era cópia do modelo equivalente norte-americano.

Na aparência eram idênticos, mas o nacional trazia um diferencial muito mais pesado do que o original, o que comprometia o comportamento dinâmico do carro (fonte: Zullino, em comentário no blog).

5 - Não é possível saber se um Diplomata Collectors é autêntico porque os números de chassis da série especial não são seqüenciados.

Todos os Opalas Diplomatas com números de chassis NNB107837 ao NNB108058 são Collectors. A confusão se deve à existência de Opalas SL, Comodoros e Caravans no intervalo, que abriga um número bem maior de unidades do que os 100 Collectors produzidos (fonte: Shibunga, em conversa por e-mail).

ATUALIZAÇÃO EM 16/6/2011:
6 - Os motores Simca Emisul eram cópias dos kits Ardun para motores Ford Flathead.

O Emisul foi um desenvolvimento próprio da Simca, como esclarecido aqui.

13 comentários:

Anônimo disse...

Quanto as bielas flutuantes penso que houve um equivoco. Os motores ate 1974 tinham bielas flutuantes.Pistoes com pino prensado no Brasil somente após 1975. Fonte manual de serviço e catalogo de peças da Chrysler. O 318 USA tb tinha estas variaçoes.

Att guilherme

M disse...

Guilherme, parabéns !
Vc está certo !

M disse...

Guilherme, parabéns !
Vc está certo !

roberto zullino disse...

Não tenho a menor idéia do que são bielas flutuantes, acho que devem ser feitas de madeira ou isopor.
Aliás, de V8 só entendo dos Ford 8BA e olhe lá.

roberto zullino disse...

Novidades no http://formulaveebrazil.blogspot.com/
Finalmente, carro "na chón".

Luís Augusto disse...

Guilherme, já corrigido! Obrigado!

Arthur Jacon disse...

É um belo tributo aos frequentadores do blog, principalmente ao Zullino e ao M., que sabem muito do assunto, e não têm receio de dizer verdades, algumas muito doloridas.

Luís Augusto disse...

Complementando o post: a internet teve o grande mérito de fazer cair a máxima de que dividir informação é dividir poder. Antigamente, alguém revestido de alguma autoridade estabelecia uma informação qualquer como verdade e assim ficava, normalmente servindo a algum interesse, sem questionamentos e sem maiores aprofundamentos no assunto. Como ninguém sabe tudo de tudo, distorções se transformavam em axiomas. Veja o exemplo do Fusca 59: as informações são tão imprecisas que não há uma foto de registro do primeiro modelo nacional, supostamente adquirido por Matarazzo, e a foto oficial da inauguração da fábrica mostra uma carreata de Fuscas com janelas ovais, portanto de produção anterior a 1958 e apenas montado por aqui, na Rua do Manifesto. Distorções assim iam sendo passadas para frente e o jovem entusiasta, ávido por informações, as assimilava sem maiores questionamentos porque não havia com o quê comparar. Tais informações eram repetidas à exaustão - nem sempre por má-fé, mas por desinformação mesmo - trazendo com elas a preguiça de pensar e questionar. Felizmente os blogs estão mudando isso antes que os que viveram aquela época se fossem levando tão preciosas informações.

roberto zullino disse...

pô, falo mal de Opala o tempo todo e nem fui citado no item do carro. me ajuda aí comandante hamilton.

Luís Augusto disse...

Se o critério para desmistificar lendas sobre os carros nacionais fosse falar mal, era só clicar no marcador "Brasil" e ler seus comentários (hahahahaha)

roberto zullino disse...

Mas não é a mesma coisa.

Guilherme da Costa Gomes disse...

Outro mito: não é possível falar em carros antigos e manter o mais alto nível, sem cair na superficialidade ou abrir concessões à outros gêneros como hot rods &Cia ou outros campeões de audiência como Mavericks, Charger e Opala que fujam do conceito antigomobilista.

Luís Augusto disse...

Verdade! Variedade é o que não falta aqui e no VerdeAmarelo!