quarta-feira, 21 de março de 2012

CARROS 2


O aparecimento da animação Cars em 2006 conseguiu encantar os aficcionados pelo mundo afora (especialmente os que têm filhos pequenos...). Divertido, delicado e com os habituais clichês bem dosados, o desenho conseguiu sintetizar a paixão por carros, a "autodiversidade", o gosto por uma estrada deserta, o espírito das corridas, a reverência ao passado glorioso das marcas. Para os mais atentos, ele despertou também a curiosidade pela história dos imbatíveis Hudson Hornet nas provas da Nascar dos anos 50 e pelas tradições da prova americana de turismo em geral. Naturalmente, a expectativa para a continuação Cars 2 foi grande, só não superando a decepção quando assisti ao filme pela primeira vez. Nunca dei a mínima para a crítica cinematográfica e posso estar cometendo um sacrilégio aqui, mas tudo me pareceu errado na animação. Conspirações, carros escalando paredes, nadando e dando tiros, a caipirice do simpático Tow Mater irritantemente exagerada, os competidores relegados ao papel de coadjuvantes... enfim, mais uma historinha de detetive bem distante da fascinante cultura automotiva e cujos personagens foram apenas detalhe. Foram carros, como poderiam ter sido ursos, brinquedos ou pessoas comuns, dependendo do gosto do animador. Para os entusiastas, talvez o (único) ponto alto do filme foi evidenciar o curiosíssimo Zündapp Janus, um dos muitos microcarros alemães do pós-guerra (como o Isetta e o Messerschmitt). Seu nome era uma alusão ao deus romano de duas faces - no caso do pequeno Zündapp, a frente e a traseira eram idênticas, com uma porta de acesso em cada extremidade, e os passageiros do banco traseiro viajavam de costas para os do banco dianteiro. Com um motor de moto de 0.245 litro e 14 cv, ele foi produzido apenas em 1957-58. Talvez o adjetivo "único", usado tantas vezes para carros tão comuns, se aplique melhor a coisinhas como essa...

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